a tuna velha ( 1911-1938 )

os fundadores da tuna velha em 1910

A FUNDAÇÃO DA TUNA VELHA


Joaquim Macedo apesar de não ter sido fundador da Estudantina, achou-se dono da mesma , alterando o nome para Tuna Velha , por isso adulava a sua tuna como a verdadeira, num claro propósito de conflituar ainda mais o ambiente nesta terra. E de facto de 1910 a 1935 , existiram duas tunas rivais , uma população dividida e um período de ouro musical , onde foram consideradas como as melhores da região , percorreram o país e deixaram um rasto de admiração .
Se a Tuna Nova começou logo a tocar , a tuna rival lentamente se organizou tendo em 1911, através da influencia de Miguel da Modiga , chegado a esta terra o grande João Alves Tavares , que revolucionaria para sempre o panorama musical , métodos de ensino e novos estilos . João Tavares tornaria esta terra como o centro da musica , influenciando ao aparecimento de muitas tunas , regendo diversas e dotando-as com muitas das composições , que ainda hoje são executadas e recordadas .
Em 1911 , 1913 ,1916 e 1919 a Tuna Velha participou em variadas saídas a convite do “Orfeão de Espinho”do saudoso Fausto Neves , chegando em diversas vezes a ser o grupo musical nas representações do grupo teatral “ Grémio Imparciais “de Fernando Mattos, actuando nos intervalos sob a direcção do maestro João Lopes Tavares.


A qualidade patenteada por esta tuna sob a direcção do maestro Tavares valeu-lhe o reconhecimento na região , sendo por isso normal que fosse diversas vezes requisitada , sem nunca esquecer-se os despiques com a tuna rival , onde continuam memoráveis tais performances . A grande guerra de 1914- 1918 seria responsável pelo desvio de muitos executantes, mas a qualidade manter-se-ia intocável , tendo neste período o maestro aproveitado para compor e transcrever diversas obras que seriam na década de 20 e 30 os baluartes da sua implantação e causadoras do aparecimento de diversas tunas na região norte , cujo período o maestro chegou a dirigir cinco tunas ao mesmo tempo. Apesar do envolvimento quase permanente do Tavares nesta tuna , a Tuna Nova até 1923 levou sempre avante nos confrontos directos , porque sem duvida essa possuía um naipe de excelentes executantes , enquanto os elementos ensinados por si eram músicos jovens e inexperientes , mas que dariam frutos depois de 1923 , onde a sua tuna ganhou em qualidade de execução . O João Lopes esteve nesta terra mais de 20 anos , deixou uma obra invejável , dedicando-lhe diversas obras denominadas de marchas : Paços com Amor ,algumas rapsódias, Missas , peças para teatro e cinema , ficando célebre a de 1920 denominada ( Paços de Amor ) :

De amor e veludo envolvidas
Tal como as suas acácias e suaves camélias
Frondosas são as suas tílias
Que embelezam o arraial ,
Parecem medusas esculpidas
Esvoaçando nos estendais doces Amélias
Por elas me apaixonei, doces donzílias
Do meu querido Portugal .
Por esta terra vivo e se preciso morrerei
Brandoense forasteiro respeitado.
Duma coisa eu sei
Sinto-me já influenciado.
As notas desta marcha ecoam
Pela calçada da Aldeia ,
Pois ninguém faz a ideia
De como franzinas se soltam
De amor a esta terra renascido
Sou já um filho entroncado e querido. “

Depois de 1922 a vida do maestro mudou radicalmente devido a 2 factores : casara nesse ano e radicou - se em Vilar de Andorinho, sua terra natal e em segundo eram tantas as solicitações para outras tunas que este a partir de 1924 começou a ausentar-se cada vez mais da localidade , chegando a estar quase dois anos sem dirigir a tuna local , ficando a tuna entregue a Manuel da Fonte e a J. Macedo , tanto em ensaios com nas saídas , mas fiel ao seu amigo , perdendo muito dinheiro por cá continuou até 1937, ajudando todas as colectividades locais , tanto teatro como o cinema , fundou a Tuna de Lamas , compunha para todas elas e nunca negou lealdade , mesmo quando o seu amigo entrou em declínio financeiro .