segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Estudantina ( 1870 )


OS ANOS DAS TUNAS DURANTE O REINADO DE DOM CARLOS


138 Anos de história numa colectividade nascida do povo, vivendo apenas do bairrismo e de muita carolice numa aldeia provinciana, é um caso sui generis e raro. A Musica tornou-se nesta terra uma Tradição com pergaminhos seculares, tornando-se em realidade cultural há mais de 138 anos com a fundação da Tuna Estudantina no ano de 1870... Era o tempo de conhecimento e expansão das Operas e Operetas no reinado de Dom Luís, continuado pelo rei, bonecheirão e estudioso Dom Carlos, que foi o culpado de que aparecessem imensas tunas e charangas por todo o país e que por arrasto enjeitou que os apaniguados da musica na localidade brandoense fundassem uma Charanga no ido ano de 1865; esta charanga nasceu pela mão do padre José Henrique da Silva, que era grande apoiante de música sacra e pelas cantilenas rurais denominadas de Pastorícias, envolvendo este grupo para as missas locais e para as procissões das festas cá existentes. Nos anos anteriores a 1850 pouco ou nada de relevante se passou no campo musical, a não ser o facto das festividades religiosas não serem festejadas tal como são actualmente, tendo existido 3 festas de verão em vez das 2 que existem actualmente: até 1880 realizavam-se as festas de Julho em honra de S. António, de Agosto em honra dos Senhor dos Desamparados ou dos Arcos e em Setembro em honra de S.Cipriano, padroeiro da freguesia, mas a partir desse ano sob a regência de Manuel Pinto de Almeida, passou a primeira festa a realizar-se na Povoa em Julho e as restantes no Passal, durante Agosto e Setembro, tendo a ultima acabado em 1896 fundindo-se na actual denominada de festa dos Arcos e Senhor dos Desamparados. Como o povo era muito crente foram construídas capelas por muitos pontos da localidade, todas elas em honra de santos padroeiros, nas quais na data da morte do orago o povo local fazia romarias e constituíam pequenas festas ou seja, havia arraial todo o ano. Estas capelas tiveram o seu auge durante as invasões francesas e guerra civil, onde o povo na sua profissão de fé prometeu construir tais capelas caso fossem protegidas dos inimigos; algumas ainda se encontram em bom estado, parte delas desapareceram nos últimos 100 anos, outras estão botadas ao abandono e esquecidas. O conceito musical da altura eram as cantatas em latim e as ladainhas dos terços, sendo frequentes reunirem-se nos locais onde viviam, perto das capelas ao fim do dia rezarem e cantarem em prece do seu santo; durante o Século XIX estas praticas eram muito frequentes ao ponto de entrarem em conflito com a própria igreja, pois os habitantes exigiam a presença do pároco para a realização destas práticas, mas conflituavam com a renúncia deste, por achar que tais rituais eram pagais e não religiosos. Deste conflito originou que parte dessas pratica caíssem em desuso, criasse dentro da população um virar de costas á igreja local e originasse as rivalidades dentro da localidade, ainda hoje tão visíveis.

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